Os Desafios Relacionais na Era digital
Quero compartilhar algo importante sobre nosso estilo de comunicação, creio que estamos usando e dependendo excessivamente de ferramentas que criam filtros e barreiras em nossa maneira de comunicar uns com os outros. Vivemos na era da informação e estamos conectados. Podemos assistir a vídeos, falar com pessoas instantaneamente à distância e acessar incontáveis conteúdos. Realmente, é um mundo incrível, poderia dizer também que assustador ao mesmo tempo.
Porém, junto com essas vantagens, surge um dilema: como nutrir relacionamentos saudáveis e criar entendimento em meio à era da tecnologia, onde as ferramentas aparecem para facilitar essas interações
Ao observar onde estamos nesse desafio, percebo que transferimos coisas complexas para espaços tecnológicos que não são adequados. Por quê? As relações humanas são complexas, elas requerem tempo, contato visual, pausas e consideração pelos sentimentos envolvidos. Isso significa trabalho e compromisso. Então, como lidar com esse desafio de criar entendimento quando resumimos essas complexidades e transferimos elas para mensagens instantâneas de texto? A resposta que encontro é que o resultado dessa escolha aumentou consideravelmente os problemas na comunicação, muitos momentos de falta de entendimento e relações quebradas. É engraçado pensar que estamos tão conectados e, ao mesmo tempo, tão distantes.
Eu faço parte de uma comunidade, mais especificamente de uma base missionária, onde centenas de pessoas vivem juntas e participam de diversas atividades diariamente. Essa é a minha realidade, onde tenho a oportunidade de experimentar essas questões de comunicação e relacionamentos de forma mais próxima.
Dentro da nossa comunidade, nos deparamos com a presença dos grupos on-line e aplicativos de conversas. Essas ferramentas tecnológicas têm se tornado cada vez mais comuns e acessíveis. É notável como estamos sendo inundados por um fluxo constante de informações, uma enxurrada diária. Isso nos sobrecarrega, deixando-nos com uma carga excessiva de informação.
A nossa suposição é que acreditamos que as mensagens que compartilhamos nesses grupos resolverão nossos problemas ou criarão entendimento em uma comunidade. Pensamos que elas podem solucionar questões complexas, debater relações ou resolver conflitos. Quem nunca se deparou com essas questões? Creio que seja nosso equívoco. Isso, na verdade, nos afasta do propósito central para o qual Deus nos criou.
Vamos considerar a comunicação de Deus. Ela é pessoal. Deus nos criou para estabelecer relações e uma comunicação pessoal uns com os outros. Nunca foi a intenção de Deus terceirizar a comunicação ou simplificá-la em mensagens curtas de texto que não carregam sentimentos. Ao longo da história da humanidade, Deus sempre desejou o relacionamento pessoal com homens, mulheres, nações e povos.
Deus nos criou para nos relacionarmos diretamente uns com os outros de forma pessoal. Quero te encorajar com este pensamento que é bíblico e divino. Em Gênesis, no capítulo 2 e 3, vemos Deus se relacionando com o homem de forma pessoal. Ele deseja que continuemos a desenvolver a habilidade de expressar nossos sentimentos, sermos vulneráveis uns com os outros, expressarmos nossas opiniões, criarmos entendimento e, principalmente, aprendermos a ouvir as pessoas. Precisamos ser bons ouvintes, verdadeiros ouvintes. É importante compreender que a tecnologia não pode capturar algo tão complexo como os relacionamentos e tentar simplificá-los de tal forma, existe um mínimo irredutível na comunicação.
O convite de Deus é para retornarmos ao lugar de origem, onde encontramos pessoas reais, onde nos conectamos genuinamente com outras pessoas e onde resolvemos nossos conflitos de forma pessoal. Quero apenas encorajar você a refletir sobre isso, para que dessa maneira a qualidade de suas relações seja melhor.”
Hiago Angelucci
